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             Opinião: Importância do controle microbiológico na indústria farmacêutica 
             
            A  contaminação microbiana no produto pode ser proveniente do ar, dos  
              materiais  de acondicionamento e embalagem, dos equipamentos e utensílios 
              de  produção, das matérias-primas, da água utilizada no processo, do ar 
              comprimido  e do ar ambiente (condicionado ou não),  ou  ainda contaminação direta pelo pessoal operacional. Os itens das BPFs referentes  às instalações e produção expressam a necessidade de áreas e equipamentos  projetados para facilitar a limpeza e sanitização, evitando o acúmulo e a  aderência de resíduos em suas estruturas. 
             
              A contaminação microbiana pode levar ao  comprometimento do desempenho do produto devido à quebra da estabilidade da  formulação, alteração das características físicas e aparência e levar à  inativação dos princípios ativos e excipientes da formulação e causar, ainda, a  perda de confiança na empresa.  
             
              A  FCE Pharma News traz nesta edição a opinião de Agenildo Bastos, microbiologista  com experiência nas áreas de Controle de Qualidade e Gestão da Qualidade em indústrias  nacionais e multinacionais dos ramos farmacêutico, cosméticos e dispositivos  médicos. Ele também é consultor GMP Sr com atuação em GMP e microbiologia. 
              
            “Os desafios para o  controle microbiológico  são inúmeros,  porém, podemos citar alguns exemplos, não restritos a esses, como falta de  programas de treinamentos efetivos para tópicos de microbiologia e higiene,  limpeza e sanitização, incluindo ferramentas de avaliação de  aderência/eficácia; ausência ou validação analítica deficiente;  métodos  compendiais não verificados quanto à adequação ao uso (suitability)  e ausência de  avaliação estatística periódica das tendências de contaminação  microbiana (por exemplo: sistema de água, controle ambiental etc.) ou quando  executada, deficiência na avaliação dos dados e definição de  medidas corretivas/preventivas. 
             
              É possível  estabelecer limites de aceitação microbiana para os diferentes tipos de  ambientes de produção; esses limites devem ser estabelecidos por meio de fontes  como as Farmacopeias  (USP, Brasil, BP, JP etc.), quando disponível e bibliografia técnica e  especializada. Quando dados históricos estiverem disponíveis, os limites  estabelecidos inicialmente devem ser reavaliados e comparados com a análise de  tendência. Esta análise deve ser documentada através de relatório técnico  (Assessment) contendo a compilação dos resultados, análise de  tendência e justificativa técnica para os limites de aceitação.” 
              
            Reduzindo riscos 
              
            “A redução dos  riscos inicia-se com a definição do layout no qual o laboratório de  controle microbiológico foi concebido. Muitas empresas esquecem que o projeto  de um laboratório contribui muito na prevenção de contaminações e  resultados falso-positivos. Esse layout deve ser revisado por especialistas, ou  seja, por um time multidisciplinar. Tomemos como exemplo um laboratório de CQ  Microbiológico para testes de esterilidade. Esse tipo de laboratório não  pode ser concebido com um layout simples de laboratório microbiológico; ele  deve seguir especificações de Salas Limpas (Produtos Injetáveis - Clean  Room). 
             
              Outro ponto importante é  o treinamento e, principalmente, a qualificação dos analistas no  laboratório microbiológico. Agências regulatórias restritas (por exemplo a OMS)  têm solicitado um programa de qualificação específico desses analistas, pois é  sabido que em algumas análises o resultado depende diretamente do  conhecimento, experiência e qualificação do profissional. 
              Citamos apenas dois  aspectos importantes, contudo, em microbiologia existem vários aspectos que  devem ser considerados, dependendo do tipo de teste, produto etc. Devido à  complexidade dos riscos relacionados à microbiologia, é  de vital importância o envolvimento da alta direção da  empresa no sentido de prover recursos e treinamentos apropriados com o intuito  de melhorar e aperfeiçoar as boas práticas de laboratório em Microbiologia.  
             
              Importante  destacar que um laboratório deve conter HVAC; eclusas de entrada e saída de pessoas; pass-trhoug  (materiais e amostras de testes); sistema de água PW e WFI,  quando aplicável; vapor limpo; cabine de biossegurança (manuseio de  microrganismos patogênicos); equipamentos de fluxo unidirecional de ar; autoclaves,  no mínimo duas, uma para descontaminação e outra para testes de rotina; salas  dedicadas para testes de contagem e teste de esterilidade; salas dedicadas para  preparação de meios e materiais; salas para equipamentos (estufas etc.) e ar  comprimido.”  
 
              
              
              
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