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Edição 11 - 1 de julho
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O poderoso mercado dos MIPs
O mercado dos medicamentos que não exigem prescrição médica é o novo alvo de crescimento das farmacêuticas na América Latina, e o Brasil tem concentrado as estratégias destas empresas na região. Movimentando cerca de R$ 14 bilhões no país, as vendas do segmento dos remédios também conhecidos como MIPs (ou OTC, na sigla em inglês) nas farmácias cresceu 20% nos doze meses até fevereiro, segundo dados da consultoria especializada IMS Health. Dominado pelos antigripais, analgésicos, multivitamínicos, este mercado se consolida e tem se voltado para fusões e aquisições, com as companhias buscando formas de aproveitar seu potencial de crescimento.

 

A FCE Pharma News entrevistou Eliane Kihara, sócia da consultoria PwC Brasil, sobre perspectivas e desafios desse mercado.

 

FCE Pharma News: Estima-se que este ano o mercado de MIPs deve crescer na faixa dos 12%. A que se deve esse índice tão positivo?

 

Eliane Kihara: O momento atual do país, com baixa taxa de desemprego e aumento da renda, beneficiou diversos setores, inclusive o mercado de MIPs. Outro ponto é o consumidor brasileiro que, independentemente da renda, quando lida com problemas de saúde considerados “simples”, opta pelos MIPs. Vale ressaltar, ainda, o layout desses produtos, que beneficia a disposição desses medicamentos nas grandes redes de farmácias – permitindo sua expansão no país nos últimos anos - e, por fim, destaco a Lei dos Antibióticos. Como o paciente precisa de uma receita para poder comprá-los, não raro acaba optando por medicamentos isentos de prescrição, como anti-inflamatórios e analgésicos, para tratar os sintomas. Embora essa prática não seja recomendada até porque o paciente pode maquiar um problema mais grave tratando apenas o sintoma.

 

FCE Pharma News: Como as indústrias farmacêuticas estão se posicionando frente a esse crescimento promissor?

 

Eliane Kihara: É um mercado promissor, porém de alta concorrência, portanto, as empresas precisam encontrar maneiras de se destacar. As estratégias envolvem oferecer desconto aos distribuidores, investir na força de vendas, treinar redes independentes para mostrar como posicionar os produtos nas lojas, aumentar a presença em mercados de tamanho pequeno e médio em regiões mais remotas e também investir em parcerias com redes de farmácias. Há também investimento em publicidade na TV e no rádio, que são permitidas pela Anvisa no mercado de MIPs. Em relação ao portfólio dos medicamentos, há investimento em novas apresentações ou em medicamentos já conhecidos, porém com diferenciais, como o lançamento de remédios específicos para cólicas menstruais, ou medicamentos de gripe que dão disposição ao paciente.

 

FCE Pharma News: É possível vermos uma movimentação em relação a um maior investimento nessa área, com possíveis fusões e aquisições?

 

Eliane Kihara: A indústria farmacêutica está se movimentando para focar em determinados mercados. Tivemos nos últimos meses a venda de diversos setores de uma indústria para a outra – como exemplo, a Novartis vendeu seu negócio animal para a Lilly e seu setor de vacinas para a GlaxoSmithKline, e comprou o setor de oncologia da mesma. Em relação aos MIPs, as duas empresas (Novartis e GSK) fizeram uma joint-venture. Portanto, assim como ocorre o foco das empresas em determinados setores, como oncologia, podem ocorrer movimentações em relação aos MIPs. No Brasil temos o caso da Hypermarcas, que adquiriu a Mantecorp em 2010.

 

FCE Pharma News: Empresas estrangeiras atuantes em outros setores devem começar a investir no ramo farmacêutico de olho no mercado brasileiro?

 

Eliane Kihara: Já temos as principais empresas multinacionais presentes no Brasil. O país é considerado importante, é um dos maiores mercados farmacêuticos do mundo, mas já temos a presença dos principais aqui. Porém, há foco dessas empresas no mercado de genéricos, que ainda possui bastante espaço para crescer quando comparado com outros países. O que tem havido é o investimento de empresas de varejo farmacêutico no país. Tivemos a compra da Onofre pela CVS e há especulação de que eles estão interessados em comprar outras redes.

 

FCE Pharma News: Quais os desafios para as empresas que atuam com MIPs?

 

Eliane Kihara: Como comentei, é um mercado muito competitivo. Para cada princípio ativo temos diversas empresas oferecendo medicamentos. As empresas precisam se destacar no preço e nos benefícios de cada medicamento. Oferecer diferenciais pode ser uma boa estratégia. É importante também saber se posicionar no ponto de venda.

 

FCE Pharma News: Quais as perspectivas de crescimento desse mercado para os próximos anos?

 

Eliane Kihara: O CAGR (Compound Annual Growth Rate - em português Taxa Composta Anual de Crescimento) de 2013-2018 está estimado em 8,4% (em reais) e o market share dos MIPs no mercado está estimado para aumentar até 29% em 2023 (hoje está em 27%) – Dados do Business Monitor.

 

FCE Pharma News: Qual deve ser a estratégia das empresas para aproveitar esse bom momento do mercado?

 

Eliane Kihara: Investir em medicamentos promissores, que apresentam mais benefícios aos pacientes, e em novas apresentações – medicamentos que precisam de menos doses diárias tendem a ser mais bem aceitos e possuem um compliance melhor. Também investir na força de vendas que atua nos PDVs, pois o farmacêutico possui bastante influência na compra desse tipo de medicamento, e o posicionamento do produto dentro da farmácia também influencia a compra do consumidor.

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