A Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) alerta que a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de permitir a compra de medicamentos análogos de GLP-1 - como Ozempic, Wegovy e Mounjaro - apenas mediante a retenção da receita, "não enfrenta a causa raiz do problema". De acordo com a entidade, o "foco deve ser o combate efetivo ao mercado irregular de medicamentos (....) e proibição integral da manipulação de análogos de GLP1".
O Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos) também manifestou sua preocupação com a possibilidade de que farmácias de manipulação produzam análogos de GLP-1. Ambas as entidades ressaltam que as farmácias magistrais importam princípios ativos (o IFA - insumo farmacêutico ativo) sem qualquer garantia de qualidade, segurança ou eficácia, já que o material não é proveniente dos detentores das patentes destes medicamentos. Estes estabelecimentos também não estão submetidos às mesmas normas de Boas Práticas de Fabricação que as indústrias farmacêuticas registradas na Anvisa, o que representa "sérios riscos à saúde, incluindo subdosagem, superdosagem, contaminação e falta de estabilidade, comprometendo a eficácia e a segurança", de acordo com a Interfarma.
Segundo a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, levantamentos recentes indicam um volume de insumos importados suficiente para fabricar 4 milhões de canetas de Ozempic e 2 milhões de Mounjaro. Para a entidade, a manipulação em escala industrial "contraria a legislação e alimenta o mercado irregular, inclusive sem prescrição".
Diante disso, a entidade solicita o "fortalecimento da fiscalização, controle de fronteiras, garantia da rastreabilidade de insumos farmacêuticos ativos e proibição integral da manipulação de análogos de GLP1 – como já ocorre na Austrália e África do Sul, e com sérias restrições nos Estados Unidos". O Sindusfarma, por sua vez, formalizou à Anvisa uma sugestão para que a importação de insumos e medicamentos contendo análogos de GLP-1 só possa ser realizada por empresas detentoras de registro destes medicamentos e propôs vedar a manipulação de formulações contendo esse tipo de composto.
Fonte: O Globo
Imagem: Charlotte de la Fuente / NYT